Cuidados com a pele negra ganham espaço na dermatologia brasileira
Profissionais defendem mais formação acadêmica e produtos adaptados às especificidades da pele negra, que é maioria no Brasil.

O médico Thales de Oliveira Rios conviveu desde a adolescência com oleosidade, acne e manchas. Após tratamentos frustrados, encontrou resultados ao buscar um dermatologista especializado em pele negra.
“Com os produtos certos e tratamento adequado, em poucos meses tudo mudou. Melhorou bastante”, contou.
Diagnóstico exige olhar diferenciado
O colega que conduziu o tratamento foi o dermatologista Cauê Cedar, chefe do Ambulatório de Pele Negra do Hospital Universitário Pedro Ernesto. Ele destaca que muitos médicos não são treinados para identificar lesões em peles negras e pardas, já que os materiais acadêmicos privilegiam peles claras.
“A pele negra tem mais tendência a manchas, a queloides e exige cuidados específicos com cabelos crespos e cacheados. Tudo isso precisa de treinamento adequado”, explicou.
Indústria começa a se adaptar
Segundo Cedar, até mesmo os protetores solares eram inadequados: deixavam a pele negra acinzentada ou não tinham tonalidades compatíveis. Isso dificultava a adesão. Hoje, porém, a indústria já oferece produtos desenvolvidos para diferentes tons de pele.
Avanços no meio acadêmico
Em 2025, o Congresso da Sociedade Brasileira de Dermatologia incluiu pela primeira vez uma atividade dedicada à pele negra. Além disso, a regional do Rio de Janeiro criou o Departamento de Pele Étnica, coordenado por Cedar.
Para a presidente da entidade, Regina Schechtman, o passo foi essencial:
“Qualquer médico deve acrescentar esse conhecimento à prática. Até a dermatoscopia varia conforme o tom da pele, e os profissionais precisam interpretar corretamente.”
Saúde e autoestima
Especialistas ressaltam que doenças de pele afetam diretamente a autoestima e podem trazer riscos sérios, como o câncer de pele, que também atinge pessoas negras.
“Apesar do risco ser maior em peles claras, isso não significa que pessoas negras não precisem de proteção contra os danos da radiação ultravioleta”, alertou Schechtman.
Fonte: Agência Brasil
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