O Mundo em Preto e Branco: A Despedida de Sebastião Salgado
O fotógrafo que deu voz às imagens e eternizou a humanidade em sua lente se despede, deixando um legado de luz, sombra e consciência social

Foto: Reprodução Instagram/sebastiaosalgado
Faleceu Sebastião Salgado, um dos maiores fotógrafos documentais da história contemporânea. Seu olhar profundo e sua sensibilidade social transformaram a fotografia em testemunho, arte e denúncia. Aos 81 anos, Salgado encerra sua jornada terrena, mas deixa um legado que transcende imagens: um compromisso com a dignidade humana e com a regeneração do planeta.
Economista por formação e fotógrafo por missão, Salgado percorreu mais de 120 países, revelando em preto e branco a complexidade do mundo. De Trabalhadores (1993) a Êxodos (2000), passando por Gênesis (2013), suas obras retrataram com força poética a luta, a dor, a fé e a beleza da existência — tanto humana quanto natural.
Ao lado de sua esposa e parceira de vida e criação, Lélia Deluiz Wanick Salgado, fundou o Instituto Terra em Aimorés, Minas Gerais. Juntos, transformaram uma fazenda devastada em uma floresta de milhões de árvores plantadas, símbolo vivo da possibilidade de regeneração ambiental e social.
O Instituto Terra divulgou a seguinte nota oficial:
“Com imenso pesar, comunicamos o falecimento de Sebastião Salgado, nosso fundador, mestre e eterno inspirador.
Sebastião foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo. Ao lado de sua companheira de vida, Lélia Deluiz Wanick Salgado, semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade. Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora.
Neste momento de luto, expressamos nossa solidariedade a Lélia, a seus filhos Juliano e Rodrigo, seus netos Flávio e Nara, e a todos os familiares e amigos que compartilham conosco a dor dessa perda imensa.
Seguiremos honrando seu legado, cultivando a terra, a justiça e a beleza que ele tanto acreditou ser possível restaurar.
Nosso eterno Tião, presente!
Hoje e sempre.Instituto Terra”
A morte de Salgado representa uma perda imensurável para a arte e para o planeta. Mas seu legado permanece vivo: nas imagens que nos forçam a ver o outro com empatia, nas árvores que crescem onde havia deserto, na certeza de que transformar o mundo é possível — basta coragem, sensibilidade e ação.
Sebastião Salgado se vai. Seu olhar, no entanto, permanece. Em cada sombra e em cada raio de luz, ele continua a nos mostrar o que somos — e o que ainda podemos ser.
Comentários: