São Silvestre completa 100 edições e reafirma tradição no esporte brasileiro

Criada em 1925, corrida se tornou símbolo do Réveillon, revelou heróis nacionais e segue como prova democrática

Esporte
São Silvestre completa 100 edições e reafirma tradição no esporte brasileiro
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

A Corrida de São Silvestre nasceu de uma inspiração internacional. Em viagem a Paris, o jornalista Cásper Líbero se encantou com uma prova noturna.

Ao voltar ao Brasil, ele decidiu criar algo semelhante. A ideia era realizar a corrida sempre no último dia do ano.

Assim, em 31 de dezembro de 1925, ocorreu a primeira São Silvestre. O nome homenageia o santo celebrado na data.

Segundo Eric Castelheiro, diretor-executivo da prova, a inspiração veio de uma corrida francesa com tochas. O efeito visual impressionou Cásper Líbero.

Na época, o nome São Silvestre era escrito com Y. Ainda assim, a essência da prova já estava definida.

Primeira edição e pioneiros

A estreia contou com 60 inscritos. No entanto, apenas 48 atletas largaram no Parque Trianon, na Avenida Paulista.

A prova começou às 23h40. O percurso teve 8,8 quilômetros pelas ruas de São Paulo.

O vencedor foi Alfredo Gomes. Ele completou a corrida em 23 minutos e 19 segundos.

Alfredo Gomes já era destaque. Um ano antes, havia representado o Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris.

Ele foi o primeiro atleta negro a defender o país em Olimpíadas. O feito marcou a história do esporte nacional.

De prova nacional a evento mundial

Inicialmente, apenas brasileiros competiam. Em 1927, estrangeiros residentes no país passaram a participar.

O italiano Heitor Blasi venceu as edições de 1927 e 1929. Ele foi o único estrangeiro campeão na fase nacional.

Essa fase durou até 1944. A partir de 1945, com o fim da Segunda Guerra Mundial, a prova se internacionalizou.

Dois anos depois, a São Silvestre se tornou oficialmente mundial. Começou então um longo jejum brasileiro.

Foram 34 anos sem vitórias nacionais. O tabu caiu em 1980, com José João da Silva.

As mulheres estrearam em 1975. A primeira vencedora foi a alemã Christa Valensieck.

Emoção e superação

José João da Silva lembra a emoção da vitória. O público chorava e gritava nas ruas.

Segundo ele, a conquista parou o país. A reação foi comparada a uma Copa do Mundo.

A vitória mudou sua vida. Ex-trabalhador rural, ele se tornou símbolo de superação.

Para Castelheiro, atletas brasileiros campeões viram heróis populares. A identificação com o público é imediata.

O corredor de rua é visto como um super-herói humano. Ele divide o mesmo espaço da cidade com as pessoas.

Ídolos que marcaram gerações

Marílson Gomes dos Santos é o brasileiro mais vitorioso da era internacional. Ele venceu três vezes.

As conquistas ocorreram em 2003, 2005 e 2010. Sua última vitória segue como a mais recente entre os homens.

Marílson destaca o apoio da torcida. Segundo ele, a São Silvestre inspira novos corredores.

Maria Zeferina Baldaia também teve a vida transformada. Ela venceu a prova em 2001.

Antes disso, trabalhou por 20 anos como boia-fria. Começou a correr ainda criança, muitas vezes descalça.

Mesmo sem tênis, enfrentou sol forte e estradas de terra. O objetivo era ajudar a família.

A inspiração veio ao ver Rosa Mota vencer pela TV. Anos depois, Zeferina realizou o sonho.

Hoje, ela inspira mulheres e jovens. Seu nome batiza um centro olímpico em Sertãozinho.

Maiores vencedores da história

A maior vencedora da São Silvestre é Rosa Mota. A portuguesa conquistou seis títulos consecutivos.

O queniano Paul Tergat aparece em seguida, com cinco vitórias. Entre os brasileiros, Marílson lidera com três.

Desde 1945, o Brasil venceu a prova 16 vezes. Foram 11 títulos masculinos e cinco femininos.

No feminino, a última campeã brasileira foi Lucélia Peres, em 2006.

Prova democrática e popular

Hoje, a São Silvestre é aberta a todos. Há largadas para elite, amadores, PCDs e cadeirantes.

A organização ocorre em ondas. O objetivo é garantir segurança e melhor desempenho.

Também existe a São Silvestrinha. A versão reúne crianças e adolescentes no Centro Olímpico do Ibirapuera.

Segundo a organização, a diversidade faz parte da essência da prova. Pessoas de todo o mundo participam.

Nem todos buscam vitória. Muitos correm por realização pessoal ou superação.

A corrida também aproxima o público da cidade. O percurso passa por pontos históricos de São Paulo.

Fonte: Agência Brasil

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